Falta de investimento privado e competitividade são maiores dificuldades para economia brasileira

Em recente relatório, o o FMI elencou algumas das dificuldades para economia brasileira vencer a “mais séria desaceleração econômica em mais de duas décadas”. E de acordo com o professor Alexandre Espírito Santo, também economista da Simplific Pavarini, como entraves estão a falta de investimento privado e problemas de competitividade.

O que ocorre com a economia brasileira, de acordo com o especialista, é majoritariamente resultado de distorções na taxa de câmbio e equívocos no manejo da politica macroeconômica, pós-crise de 2008. De acordo com ele, o governo Lula promoveu uma série de medidas que fizeram o país crescer 7,5%, mas após suas saídas, "os economistas petistas resolveram mudar a matriz macroeconômica; reduzir a importância do tripé de outrora (metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário) em troca de mais gastos públicos e estímulos ao consumo, via facilidades de crédito e renúncias fiscais”, diz ele.

O economista acredita que o problema central é que, como a taxa de câmbio real se valorizou de forma expressiva entre 2003 e 2008 (em torno de 60%), a competitividade da nossa indústria reduziu-se, via aumento do salário em dólar, bem como do setor exportador, por conta de preços menos favoráveis. “Em outras palavras, o Brasil ficou caro! A taxa de câmbio passou a ser um empecilho para o crescimento”, explicou Alexandre.

Com a inflação teimosamente em patamares elevados, o governo passou a controlar preços administrados (como combustíveis, energia e tarifas públicas) e aplicar uma política de swaps cambiais, para conter a taxa de câmbio, pressionada pela possibilidade de inflexão nos juros do FED. “Dessa forma, os preços dos comercializáveis ficariam mais comportados, ajudando a segurar o IPCA dentro da meta – havia uma eleição à frente”, complementou.

Sempre que o governo aumenta seus gastos, sem tributos para financiá-los, não estará elevando a renda da economia, mas sim reduzindo a poupança doméstica agregada, o que implicará, basicamente, em importação de poupança internacional. Assim, o saldo em transações correntes, do balanço de pagamentos, saiu de superávit no governo Lula para déficit no governo Dilma, representando, hoje em dia, 4% do PIB. Uma consequência dessa situação foi o aumento de taxas de juros, para atrair capital e cobrir a piora do saldo em conta corrente.

Para resgatar a credibilidade das políticas fiscal e monetária, ele afirma que será preciso tentar colocar a inflação perto do centro da meta de 4,5% e assegurar que não percamos o grau de investimento. Espírito Santo disse também que “o governo precisará de um superávit primário em torno de 2% do PIB e uma taxa SELIC acima de 13%, superior a quando a presidente Dilma assumiu o seu 1º mandato. Uma combinação recessiva”.

A previsão do FMI para 2015 inclui um PIB negativo de 1%, IPCA bem acima do teto, em torno de 8%, desemprego em elevação, provavelmente entre 7% e 8%, além do altíssimo déficit em transações correntes do balanço de pagamentos. "Só que agora os preços das commodities estão em baixa, o que dificulta a reversão das contas externas, e o FED deverá subir em breve suas taxas de juros, o que poderá causar uma fuga de dólares, o que pressionará ainda mais a taxa de câmbio (ruim para a inflação)", comenta Alexandre. “Antevejo dias muitos difíceis pela frente”, completa.

 
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